Isabel Pires
Desembarcou no catálogo da Netflix,
em dezembro de 2023, como um presente de Natal, o cultuado filme de 1994, Pulp fiction. Inspirado na cultura das
revistas pulp, que fizeram sucesso nos
Estados Unidos na primeira metade do século XX, e das quais os quadrinhos de
super-heróis são herdeiros diretos, o filme, dirigido por Quentin Tarantino, traz
alguns medalhões de Hollywood, como John Travolta, Samuel L.
Jackson e Bruce Willis, estes dois últimos ainda iniciando suas bem sucedidas carreiras. Seguindo a
linha da extrema violência, com litros e litros de sangue cenográfico derramado
e ambientada em Los Angeles, a narrativa – ou a não-história, se se preferir –
quebra o princípio do começo-meio-fim para apresentar as trapalhadas daqueles
que se dedicam ao crime, chefiados por um gângster não menos atrapalhado. Mas
não se confunda Pulp fiction com um
filme de comédia, nem mesmo com “humor ácido”, como costumam ser rotulados os
filmes do gênero. O filme conta as diferentes histórias vividas pelos bandidos, cada uma com seu clímax particular. Ou seja, não há apenas um clímax no filme, mas cada história particular possui o seu próprio clímax. É quando o clímax eclode - ou os clímax eclodem -, que o caráter dramático, no sentido teatral, de Pulp fiction é revelado. As presenças femininas de Uma Thurman, como Mia, e Maria de
Medeiros, como Fabienne, dão leveza ao filme, que a dança de John Travolta, já
um tanto fora da forma exuberante de Embalos
de sábado à noite e Grease: Nos tempos da
brilhantina, tentou, sem muito sucesso.